14.3.04

Queria voltar a ser como eu era h� alguns meses atr�s. Conviver com os meus amigos, participar das manifesta��es pol�ticas, discutir pol�tica, saber onde estou e me sentir inserida no meio.
Minha vida mudou repentinamente em menos de um m�s. Arranjei emprego, larguei a faculdade, sa� da casa dos meus pais, mudei de cidade. Passei a ser respons�vel pelos meus atos e a ser sustentada por mim mesma.
Ou�o sobre as mobiliza��es que est�o ocorrendo e morro de vontade de estar l�, mas ao mesmo tempo sinto a responsabilidade pesando sobre os meus ombros.
Sinto-me extremamente in�til por n�o estar estudando, o que me motivou a procurar um cursinho. Na porta deparei-me com rostos muito jovens, de uma gera��o diferente da minha. Rostos que escapam das aulas para fumar escondido dos pais, que estampam espinhas e cabelos compridos, denunciando suas idades e seus esp�ritos rebeldes.
Sempre andei com pessoas da minha idade e me sentia muito bem com isso. Estava inserida nos acontecimentos, era parte de alguma coisa maior. Tinha meus amigos, participava de discuss�es. Por onde olhasse encontrava algu�m conhecido, disposto a conversar, ou, ao menos, a dar um "oi" simp�tico.
Hoje olho para o lado e vejo uma cidade triste, muita correria e ningu�m conhecido. Eu mesma ando triste, sempre na correria e desconhecida. N�o tenho colaborado para que me conhe�am. N�o saio de casa nos finais de semana, n�o interajo com o meio. Sou apenas mais uma alma cansada na "cidade sorriso", cujo sorriso deve estar amarelado e escondido, j� que nunca o vi.
Pensei em largar tudo, em voltar a ser como era antes. Rever meus amigos, voltar ao movimento estudantil, discutir, argumentar, polemizar. Ser �til. Mas � tudo. Nunca gostei do meu curso, tampouco da minha cidade. E n�o largaria tudo o que conquistei at� hoje.
N�o me sinto inserida onde vivo, e me sinto deslocada do mundo que deixei pra tr�s. Sei que se voltasse atr�s os rostos n�o estariam mais l�. Eu n�o seria mais a mesma, e quem sabe, nem seria mais necess�ria.
Tenho vontade de fugir de casa, mas seria rid�culo. Estaria fugindo de mim mesma.
Queria n�o sentir medo do que vem pela frente. Simplesmente deixar acontecer, como fiz a minha vida inteira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário