25.4.05

A última tragada

O ruim de se adquirir um vício, como esse meu de assistir filmes compulsivamente, é não ter um suporte à altura por perto. No meu caso o problema é a locadora. É pequena, sem muitos recursos, e sem muitos exemplares também. Quando chega um filme novo, lá se vão algumas semanas pra conseguir alugá-lo, caso contrário tenho que faltar ao trabalho e dar plantão em frente à locadora – o que obviamente não faço já que ainda me encontro empregada.
Mas chega uma hora na nossa vida que o conteúdo não importa realmente, o que importa é manter o vício - como aquele fumante que, na falta de um cigarro de qualidade, fuma Camel por desespero.
Eu costumo ser uma pessoa seletiva (tá, tô falando de filmes, não de relacionamentos). Posso passar um bom tempo na locadora até achar o filme. Normalmente esbarro naqueles que, só pela capa eu penso: "Não, esse não... deve ser uma porcaria" e passo batido por eles, superior, onisciente. "No meu DVD nunca tocará!"
É quando o mercado começa a ficar escasso e tenho que selecionar entre os filmes que eu fingia que não conhecia algum que possa ser mais ou menos, só pra matar o tempo mesmo... Acabo descobrindo que eles realmente são bem mais ou menos, e que meu sexto sentido ainda funciona. Até que esses também acabam e só sobram aqueles inassistíveis.
Então, como uma bêbada no fundo do poço, respiro fundo e penso: é a última tragada, eu juro.

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