23.5.04

Estava lendo um blog que achei por acaso na internet e várias coisas passaram pela minha cabeça. Claro que a leitura não foi o único motivo pra esse momento de genialidade-filosófica-de-sarjeta, mas valeu pra dar o empurrão.
O texto é sobre Che Guevara. Na verdade é sobre o filme recém-lançado sobre a vida dele. E acabei descobrindo nesse blog uma excelente escritora que, por acaso, compartilha pensamentos comigo (mesmo sem saber).

Há menos de um ano eu era uma socialista de coração. Tinha como verdade o fato de poder mudar o mundo. E por vezes conseguia mudar uma coisa ou outra. Era uma rebelde com causa, cheia de convicções, com certa influência no meu meio. E me indignava.
Mas um fato é que hoje deixei meu cérebro (ou o cérebro daqueles que controlam o mundo onde vivo) me guiar. Deixei de agir, de lutar, de protestar. Sinto que a indignação ainda vive em mim, mas está tão escondida que mal consegue se manifestar.
Conseguia manter certos resquícios dessa época em que os males do mundo eram a minha maior preocupação. Continuava a ser impulsiva e inconsequente em certas coisas. Agia com o coração e me atirava de cabeça na vida. Era ainda uma sonhadora e acabava envolvendo outras pessoas nesses pensamentos loucos (o que era até charmoso, dependendo do ponto de vista - e de quem via).
Mas o fato é que chega uma época na vida em que nossos sonhos não são mais só nossos, ou melhor, não dependem mais de um ideal, de uma única pessoa para existirem, e sobreviverem. É quando o peso cai, de uma única vez, sobre as nossas costas e a realidade é cuspida, tomando o lugar e a beleza do idealismo do passado.
Ainda me considero uma sonhadora. Só não encontro uma fenda para colocar isso em prática.
Será que realmente mudamos ou apenas engolimos nossos ideais e nos resignamos perante o mundo?

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